Do que pude
e hoje já não posso,
passear meus dedos em tua
[nuca]
é ainda a saudade que mais gosto.
Quando além da conta
eu fui tudo para aquilo
que era nosso
são só dedos e cabelos, agora.
A tua imensidão
e tua perplexidade
eram só desejo e água parada
dos rios e noites que foram
[claras]
sob a cruel vertigem
de sofrer por adorá-la
que agora são só mãos, cabeças
e mais nada.
Deixo para o tempo como herança
o frio do espaço
que hoje me dedico
a precipitar no precipício
o arroxo dos nossos laços.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Work
Trabalho poético:
imprimir na sua testa
todo amor
que a mim basta.
Encontrar no espelho
o mesmo erotismo
[barato]
de quem espera pela última vez.
Um ofício fácil
"Eis aqui um carimba(dor)
por excelência".
Distribuo panfletos
e coloco meu anúncio
no jornal
era tão simples se não fosse você.
Agora penso:
isso já não é mais pra mim
vou vender minhas coisinhas
e virar jardineiro
na lua.
imprimir na sua testa
todo amor
que a mim basta.
Encontrar no espelho
o mesmo erotismo
[barato]
de quem espera pela última vez.
Um ofício fácil
"Eis aqui um carimba(dor)
por excelência".
Distribuo panfletos
e coloco meu anúncio
no jornal
era tão simples se não fosse você.
Agora penso:
isso já não é mais pra mim
vou vender minhas coisinhas
e virar jardineiro
na lua.
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
Estrutura da saudade.
Dedico-te sempre as coisas mais lindas
e, ainda que venhas tão somente em sonho,
solemente, ergo os braços, me proponho
a esperar com tanta alegria a tua vinda.
Pois é na noite que me basta o dia cinza
e anoitece o céu sempre tão risonho.
Onírico espaço - é aí que me imponho;
aprendi que é no escuro que a lua brinca.
O universo conspira e o infinito brinda
toda a esperança louca e pura advinda:
a lembrança é o lugar onde me encontro.
Fui todo teu e hoje muito mais ainda
por que sou todo verso, prosa e rima
pra ofertar amor - todo ar que disponho.
e, ainda que venhas tão somente em sonho,
solemente, ergo os braços, me proponho
a esperar com tanta alegria a tua vinda.
Pois é na noite que me basta o dia cinza
e anoitece o céu sempre tão risonho.
Onírico espaço - é aí que me imponho;
aprendi que é no escuro que a lua brinca.
O universo conspira e o infinito brinda
toda a esperança louca e pura advinda:
a lembrança é o lugar onde me encontro.
Fui todo teu e hoje muito mais ainda
por que sou todo verso, prosa e rima
pra ofertar amor - todo ar que disponho.
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Paisagem.
E você pode esperar na porta
com seu café
e seu corpo claro
que eu já não posso dizer
como tudo vai ser
Se agora viro essas esquinas
observando o pouco
de tantas pessoas
hoje eu já não quero saber
como tudo vai ser
Amarro uma fita no pulso
enquanto você figura
no infinito púrpuro
[do pensamento]
seremos um qualquer dia desses
quando der pra ser.
com seu café
e seu corpo claro
que eu já não posso dizer
como tudo vai ser
Se agora viro essas esquinas
observando o pouco
de tantas pessoas
hoje eu já não quero saber
como tudo vai ser
Amarro uma fita no pulso
enquanto você figura
no infinito púrpuro
[do pensamento]
seremos um qualquer dia desses
quando der pra ser.
sexta-feira, 11 de julho de 2014
Passagem
A criança corre pela praça.
Dou a volta
faço curva
penso carro, passo vento
e tudo é retorno,
pensamento.
A criança corre pela praça.
Tudo gira
e vou junto
se já não há, ainda invento
a vida assim:
contentamento.
Rufem os tambores
do que já se viu
hoje a criança corre pelo tempo.
Dou a volta
faço curva
penso carro, passo vento
e tudo é retorno,
pensamento.
A criança corre pela praça.
Tudo gira
e vou junto
se já não há, ainda invento
a vida assim:
contentamento.
Rufem os tambores
do que já se viu
hoje a criança corre pelo tempo.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Ela, a cidade e o céu.
Um dia Deus lhe disse: toma!
e enfiou na sua cabeça
um desajeitado diadema de estrelas.
E ela foi comprar pão se equilibrando sob sua nova auréola infinita
como um bêbado saindo do bar.
Ninguém percebia o peso.
Ninguém reparou que ela cambaleava pra lá e pra cá.
Todos só queriam ver
a via láctea sob seus cabelos dourados.
O padre santificou-a.
A puta odiou-a.
E os meninos corriam de um lado pro outro atrás de pipa mesmo.
Agora a companhia de luz prometeu apagar os postes
- decretou como clara a inutilidade da lâmpada.
E a gente a vê, vez ou outra, acendendo um sorriso por aí.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Exército.
Ergue o braço:
-sou tua!
Um batalhão inteiro se põe em marcha.
Não sei o que faço
e acabo na rua.
Não te amo como digo e não me odeie como mostra.
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