Do que pude
e hoje já não posso,
passear meus dedos em tua
[nuca]
é ainda a saudade que mais gosto.
Quando além da conta
eu fui tudo para aquilo
que era nosso
são só dedos e cabelos, agora.
A tua imensidão
e tua perplexidade
eram só desejo e água parada
dos rios e noites que foram
[claras]
sob a cruel vertigem
de sofrer por adorá-la
que agora são só mãos, cabeças
e mais nada.
Deixo para o tempo como herança
o frio do espaço
que hoje me dedico
a precipitar no precipício
o arroxo dos nossos laços.
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