terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Dos lados de um rio.

Do que pude
e hoje já não posso,
passear meus dedos em tua
[nuca]
é ainda a saudade que mais gosto.
Quando além da conta
eu fui tudo para aquilo
que era nosso

são só dedos e cabelos, agora.

A tua imensidão
e tua perplexidade
eram só desejo e água parada
dos rios e noites que foram
[claras]
sob a cruel vertigem
de sofrer por adorá-la

que agora são só mãos, cabeças
e mais nada.

Deixo para o tempo como herança
o frio do espaço
que hoje me dedico
a precipitar no precipício

o arroxo dos nossos laços.